sexta-feira, 1 de abril de 2011

LIVRO : “REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO” 
(Ermance Dufaux, psicografia de Wanderlei Soares de Oliveira )

1- PREFÁCIO  -  UMA PALAVRA INSPIRADORA - (CÍCERO PEREIRA)

- Nossa conquistas não podem ser edificadas na calmaria. Nossas virtudes não florescerão sem os golpes da dor que dilacera arestas e poda os espinhos da imperfeição

- A própria reencarnação é o mecanismo divino do recomeço, da retomada. Temos o que merecemos e somos aquilo que plasmamos e desde que não desistamos, sempre haverá uma chance para a vitória

- A dor-evolução não tem sido suportada por muitos a agravadas por outros, levando a quadros de graves enfermidades morais e desamor a si mesmo

- Essas páginas são frutos de um conjunto de esforços de almas que laboram pela implantação do programa de valores humanos para as sociedades espíritas, cujo responsável é o nosso benfeitor bezerra de Menezes que cumpre diretrizes superiores do Espírito Verdade

- Ressalte-se que, os casos aqui narrados vividos no Hospital Esperança, são indicativas preciosas colhidas diretamente de almas que viveram dramas descritos


 2- INTRODUÇÃO  - CONSCIÊNCIA DE SI - (ERMANCE DUFAUX)

- Nossa proposta é apresentar algumas “idéias-chave” com fins de meditação e auto-aferição, ou ainda para estudos em grupos que anseiam por buscar respostas sobre as intrigantes questões da vida interior. Se não enterdermos realmente a razão de nossas atitudes, não reuniremos condições indispensáveis para o serviço renovador de nós próprios

- Reforma íntima! Eis o tema predileto dos adeptos do Espiritismo. Apesar de sua predileção constata-se que a assiduidade com a qual é tratada não lhe tem garantido noções mais dilatadas que permitam o esforço consciente na transformação da personalidade humana

- Reforma íntima não deve ser entendida apenas como contenção de impulsos inferiores. Muito além disso, torna-se urgente analisá-la como o compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento dos lídimos valores humanos na intimidade

- Apenas evitar o mal não basta, imperioso fazer o bem ao nosso alcance. Criou-se um sistema neurótico de supervalorização das imperfeições morais que tem conduzido muitos espiritistas à condição de autênticos “hipocondríacos de alma”

- Foi o notável JUNG quem afirmou : “Até onde podemos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma Luz na escuridão do mero ser

- Buscamos nossa inspiração em O Evangelho Segundo o Espiritismo- repositório ético para a felicidade humana e incomparável manancial de inspiração superior- no qual encontramos inesgotável fonte de instrução e consolo dos Bondosos Guias da Verdade, e, favor dos roteiros dos homens ante suas provas e expiações. Consideremo-lo como sendo um receituário moral para todas as necessidades humanas na terra

3 – CAPÍTULO 01 – DORES DO MARTÍRIO

- Torna-se essencial distinguir o que são as dores do crescimento e as dores do martírio. Não existe reforma Íntima sem sofrer, mas o martírio é uma forma de autopunição, são “penitências psicológicas” que nos impomos como se com isso estivéssemos melhorando

- Em razão do complexo de inferioridade que assola expressiva parcela das almas na Terra, e cientes de que semelhante vivência psicológica deve-se ao nosso voluntário “afastamento de Deus”, ao longo das etapas evolutivas, fazendo-nos sentir inseguros e impotentes

- A melhoria íntima autêntica ocorre pelo processo de conscientização e não pelas dores decorrentes de cobranças e conflitos interiores

- Começamos a conhecer os grandes inimigos do auto-amor no nosso íntimo. Um deles é o perfeccionismo. Querendo se transformar, partem para um processo de auto-inaceitação e de auto-reprovação muito cruéis, inclinando-se para a condenação. A questão não é de lutar contra contra nós, e sim conquistar essa parte enferma, recuperá-la, e isso jamais conseguiremos se não aprendermos a amar esse nosso “lado doentio”

- O espírita costuma “neurotizar” a proposta da reforma íntima. É a “Neurose de Santificação”. Cria-se assim para si, as “virtudes de adorno” ou “compensações artificiais”, a fim de sentir-se valorizado perante a consciência e o próximo. São os esconderijos psíquicos nos quais quase sempre enfumamos para não tomarmos contato com a “verdade pessoal”

- Essa neurotização da virtude gera um sistema de vida cheio de hábitos e condutas rígidas, a título de seguir orientações da doutrina. Isso nos desaproxima ainda mais da autêntica mudança e passamos então a nos preocupar com o que não devemos fazer, esquecendo o que devíamos estar fazendo

- Reforma íntima deve ser considerada como melhoria de nós mesmos e não a anulação de uma parte de nós considerada ruim. Uma proposta de aperfeiçoamento gradativo cujo objetivo maior é a nossa felicidade

4 – CAPÍTULO 02 – ÉTICA DA TRANSFORMAÇÃO

- A Reforma Íntima é um trabalho processual, ou seja, obedece a uma sequência. Ela é uma habilidade de lidar com as características da personalidade, melhorando os traços que compõem suas formas de manifestação

- Caracteres que podem ser renovados ou aprimorados : caráter, valores, vícios, hábitos e desejos

- O maior obstáculo a transpor é o interesse pessoal (personalismo), conjunto de viciações do Ego repetido durante variadas existências corporais, pelo hábito de atender incondicionalmente as imposições  dos desejos e aspirações pessoais

- O objetivo maior da renovação espiritual é negar a si mesmo, esvaziar-se de si, tirar a máscara

- O meio prático e eficaz de conseguí-lo, conforme nos ensinam os Espíritos Superiores, é o “Conhecimento de si mesmo”

- O Espiritismo com seu conteúdo moral é autêntico celeiro de rotas para quantos desejem assumir o compromisso de sua transformação pessoal com segurança e equilíbrio

- A prática essencial e meta fundamental dos ensinos dos bons Espíritos são a melhora da Humanidade, a formação do Homem de bem

- Comportamentos para instauração das linhas éticas no processo autotransformador :

(1)   Postura de aprendiz
- Jamais perder o viçoso interesse em buscar o novo, o desconhecido
- Curiosidade incessante
- Romper com os preconceitos
- Fugir do estado doentio da autosuficiência



(2)   Observação de si mesmo
- Conhecimento de nossa emoções
- Auto- avaliação constante
- Não julgamento do próximo

(3)   Renúncia
- Seletividade social dos ambientes e costumes
- Ao terreno das opiniões pessoais e valores institucionais, que o orgulho nos ilude

(4)   Aceitação da sombra
- Não implica em destruir o que fomos, mas dar nova direção e maior aproveitamento a tudo que conquistamos, inclusive nossos erros

(5)   Autoperdão
- Perdão das faltas que cometemos, mas que gostaríamos de não cometer mais

(6)   Cumplicidade com a decisão de crescer
- A renovação é gradativa e exige devoção
- É um serviço continuado a cada instante da nossa vida
- Severidade e muita disciplina

(7)   Vigilância
- É a atitude de cuidar da vida mental, sempre voltada a ideais enriquecedores
- Boas leituras, conversas, diversões e ações sociais
- Higiene dos pensamentos

(8)   Oração
- Sem ela dificilmente recolheremos os germes divinos do bem que constituem as correntes de Energia
  Superior
- Através dela despertamos na intimidade forças nobres que se encontram adormecidas ou sufocadas

(9)   Trabalho
- Dar utilidade a cada momento dos nossos dias

(10) Tolerância
       - Toda evolução é concretizada na tolerância. Há tempo para tudo e tudo tem seu momento

(11) Amor incondicional
        - Aprender a gostar de si mesmo, independente do que fizemos no passado e do que queremos ser no
          futuro é estima a si próprio

(12) Socialização
       - Ação em grupos de educação espiritual , através tarefas doutrinárias regadas de afetividade e siso moral

(13) Caridade
       - É o “dínamo de sentimentos nobres”


5- CAPÍTULO 03 - PROJETO DE VIDA

- A reforma Íntima solicita fazer de nossas vidas um projeto de cumplicidade e amor

- O Projeto de mudança é o resultado da esforço pessoal em sacrificar-se por ideais que motivem o nosso progresso. Ideais esses que se apresentam sempre à nossa caminhada como convites da Providência Divina para que possamos sair do “lugar comum” à maioria das criaturas

- Cumplicidade e comprometimento são as palavras de ordem no desafio do autoburilamento. Evitemos, assim, confundir a simples adesão a práticas doutrinárias ou ainda o acúmulo de cultura espiritual como sendo iluminação e adiantamento, quando nada mais são que estímulos valorosos para o crescimento

- O Espírito Lacordaire é muito lúcido ao afirmar que destruímos as faculdades de amar quando as reduzimos aos bens materiais

- Quando aprendemos que o cultivo da paixão ao adiantamento espiritual é a solução para todos os problemas da Humanidade terrena, verificamos que a existência, mesmo que salpicada de problemas e dores, tem luz e vida porque plantamos na intimidade a semente imperecível ao idealismo superior


6 – CAPÍTULO 04 – O QUE PROCEDE DO CORAÇÃO

- Tendências são inclinações, pendores que determinam algumas características comportamentais da personalidade, muitas delas adquiridas em várias reencarnações. Entre elas vamos encontrar a adoração exterior, determinando forte vocação para a ritualização, o místico e a valorização de tradições religiosas, através da qual o homem faz seu encontro com Deus

- Reminiscências que fizeram parte das movimentações da alma nas vivências das religiões tradicionais e que se apresentam junto aos nossos celeiros espíritas :

(1) Atrofiamento do raciocínio
(2) Supervalorização dos valores institucionais
(3) Engessamento de conceitos
(4) Sensação de missionarismo religioso
(5) atitude de supremacia da verdade
(6) Idolatria a seres “superiores”
(7) Submissão de conveniência a líderes
(8) Relação de absolvição  ou penitência com práticas espíritas
(9) Desvalorização de si mesmo em razão da condição de pecador
(10) Condutas puritanas perante a sociedade e seus costumes
(11) Cultivo de comportamento moralista
(12) Confusão entre pureza exterior e renovação íntima

- Enraizou-se o axioma “espírita faz isso e não faz aquilo” que tenta enquadrar o valor das ações em estereótipos de insustentável bom senso

- Vamos notando uma supervalorização em coisas coisa como:
(1) Não adoção de alimentação carnívora
(2) Impropriedade de freqüentar certos ambientes sociais
(3) Fuga da ação política
(4) Interminável procura do passe como instrumento de melhoria espiritual, ao longo de anos a fio
(5) Não chorar em velórios
(6) Distanciamento da riqueza como se fosse um mal em si mesma
(7) Silêncio tumular nos ambientes espíritas
(8) Se fumar, não é espírita
(9) Se separar matrimonialmente, tem a reencarnação fracassada
(10) se ingerir alcoólicos, não pode ser considerado alguém em reforma

- Há muitos companheiros queridos do nosso ideário satisfeitos com o fato de apenas evitarem o mal, entretanto
estejamos alerta para a única referência ética que servirá a cada de nós no Reino da alma liberta da vida física: fazer todo o bem que pudermos no alcance de nossas forças



7 – CAPÍTULO 05 – SÁBIA PROVIDÊNCIA

- A natureza nos presenteia com o mecanismo natural do esquecimento com a seguinte finalidade:

(1)    Para aprendermos a descobrir em nosso Mundo Interior as razões profundas de nossos procedimentos, através da análise dos pendores e impulsos
(2)    Descobrirmos as motivações que sustentam nossos vícios milenares
(3)    Para conseguirmos a formação de reflexos afetivos novos

- Com a presença das recordações claras sobre os acontecimentos pretéritos, a mente estacionaria na vergonha e no remorso, no rancor e na mágoa, sem um campo propício para o recomeço

- Se não conseguimos ainda eliminar certos ímpetos inferiores, mas evitamos as atitudes que deles poderiam nascer, guardemos na alma a certeza de que estamos no caminho do crescimento arando o terreno para uma farta semeadura no futuro

- Esperar colher sem plantar é ilusão. Não nos libertaremos dos grilhões do pretérito somente apenas na base de contenção e disciplina, mas esse pode ser um primeiro e muito precioso passo para muitos corações

- Muitos aprendizes inspirados nas proposituras espirituais equivocam-se ostensivamente, pois querem perfeição a baixo custo e entregam-se a “reformas de metade”

- Se lembrássemos das vivências que esculpiram no campo mental as tendências atuais, ficaríamos responsabilizando pessoas e situações pelas decisões e comportamentos que adotamos. Não sabendo a origem exata das nossas tendências, ficamos entregues a nós mesmos sem poder culpar a ninguém, nem a nada

- Quando atribuímos ao passado algo que não conhecemos ou conseguimos compreender sobre nossas reações e escolhas, estamos nos furtando da investigação nem sempre agradável que deveríamos proceder para encontrar as razões de tais sentimentos na vida presente. Assim nos pronunciamos porque muitos conhecedores da reencarnação, a pretexto de distanciarem-se da responsabilidade pessoal, emprestam à teoria das vidas passadas uma explicação para certos impulsos da vida presente, gerando acomodação e a possibilidade de novamente falhar


8 – CAPÍTULO 06 – O GRANDE ALIADO

- Ao invés de ser contra o que fomos, precisamos aprender uma relação pacífica de aceitação sem conformismo
a fim de fazer do “homem velho” um grande aliado no aperfeiçoamento. Portanto, a tarefa íntima de melhoria espiritual serão “harmonia com a SOMBRA” e “Conquistar o passado”

- Reforma íntima não pode ser entendida como a destruição de algo para construção de algo novo, e sim como a aquisição do consciência de si para aprender a amar, a existir, a se realizar como criatura rica de sentidos e plena de utilidade perante a vida

- Carl Gustav Jung, o pai da psicologia analítica, asseverou : “Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar – nos”. É uma questão de aprender a ser

- Somos um “projeto de existir” criados para a felicidade, porisso compete-nos o dever individual de executar esse projeto, e isso só é possível quando escolhemos realizar e ser em plenitude através da conquista do “Eu
Imaginário” em direção ao “Eu Real”

- Imperfeições são nosso patrimônio. Serão transformadas, jamais exterminadas. Enquanto usarmos de crueldade com nosso passado de erros não o conquistaremos em definitivo

- Portanto, esse adversário interior deve se tornar nosso grande aliado, sendo amavelmente “doutrinado” para
  servir ao luminoso ideal do homem lúcido e integral para o qual, inevitavelmente, todos caminhamos


9 – CAPÍTULO 07 – SEXUALIDADE E HIPNOSE COLETIVA

- A maioria das criaturas rendem-se às propostas humanas de prazer como sendo a alternativa que mais fácil e rapidamente permitem-lhes obter alguma gratificação, ainda que passageira

- Forma-se assim, através do mecanismo mental da reflexão automática, um processo coletivo de hipnose sob o jugo da ilusão e da mentira consentida, escravizando bilhões de almas no atoleiro dos vícios comportamentais de variados matizes.

- Reflexão automática é o hábito de consumir pensamentos estabelecendo uma rotina mental sem utilização da “consciência”, um processo que funciona por estimulação condicionada sem a participação ativa da vontade e da inteligência, interligando todas as mentes em todas as esferas da vida. Indução, sugestão e assimilação são operações psíquicas que respondem por esse quadro que, em sã análise, constitui uma grave questão social

- Fenômenos telepáticos e mediúnicos formam a radiografia básica desse “ecossistema psíquico”. Patologias mentais e orgânicas, obsessões e auto-obsessões surgem nesse cenário compondo a psicosfera de bairros e cidades, estados e países, continentes e mundos

- Composta de aproximadamente 30 bilhões de almas, a população geral da terra tem hoje um contingente de pouco mais de 1/6 de sua totalidade no corpo carnal. Considere-se que nessa extensa e “vigorosa teia de ondas”
mesmo esses 5/6 de criaturas fora da matéria têm como “centro de interesses” o Planeta das Provas e Expiações
terrenas, influindo, sobremaneira, na economia psíquica da Humanidade em perfeito regime de troca, determinando mais do que imaginais os rumos coletivos e individuais na dignidade ou na leviandade de propósitos, na paz ou no conflito armado

O sexo em desalinho moral obteve requintes de inferioridade e desvalor através de truanescas invencionices do relaxamento moral. Depois da televisão, a grande rede mundial, a internet, propiciou ainda mais estímulos para
a “devassidão a domicílio”, preenchendo o vazio dos solitários de imagens degradantes de perversidade pela ponografia sem lindes éticos. Diante da beleza corporal, os pais, ao invés de ensinarem responsabilidade e pudor, quase sempre excitam a sensualidade precoce e a banalização

- Nesse clima social, os delitos do afeto e do sexo continuam fazendo vítimas e gerando dor. Telepatias deprimentes e conúbios mediúnicos exploradores formam o ambiente astral de várias localidades, expedindo energias entorpecedoras e hipnóticas, abalando o raciocínio e instigando os instintos animalescos aos quais, a
maioria de nós, ainda nos encontramos jungidos

- O desafio ético de usar o sexo com responsabilidade continua sendo superado por poucos que se dispõem ao
sacrifício de vencer a si mesmo

- A força sexual é comparável a uma represa gigantesca que, para ter seu potencial utilizado para o progresso, carece de uma usina controladora, a fim de drenar a água em proporções adequadas, evitando inundações e desastres de toda espécie nos domínios do seu curso. Se a energia criadora não for disciplinada pelas comportas da contenção, da fidelidade e do amor fraternal, dificilmente tal força da alma será dirigida para fins de crescimento e libertção

- Nesses dias tormentosos, o sexo ganha o apoio da mídia na criação de ilusões de aspectros sombrios sob a análise ética-comportamental. A mentira do “amor sexual” condicionado à felicidade é uma hipnose coletiva na Humanidade, gerando um lamentável desvio da saúde e alimentando as miragens da posse nas relações, fazendo com que os relacionamentos, carentes de segurança e da fonte viva da alegria, possam se chafurdar em provas dolorosas no campo do ciúme e da inveja, da dependência e do desrespeito, da infidelidade e da creldade

- face a isso, um “turbilhão energético” provido de vida e movimento permeia por toda a psicosfera do orbe. Qual se fosse uma serpente sedutora criada pela emanações primitivas, resulta das atitudes perante a sexualidade entre todas as comunidades. Semelhante a um “enxame epidêmico e contagiante”, essas aglomerações fluídicas são absolvidas e alimentadas em regime de troca por todas esferas vivas do grande “ecossistema” da psicosfera terrena

-Além dos estímulos pujantes dos traços anatômicos, o corpo é dotado de “elementos magnéticos irradiadores” com intensa força de impulsão. Quando acrescido da simples intenção de atrair e chamar a atenção para si, essa impulsão assemelha-se a filamentos sutis, similares a tentáculos aprisionantes expedidos pela criatura na direção daquele ou daqueles a quem deseja causar admiração, tornando-se uma “passarela de atrações” que lhe custará um ônus para a saúde e o equilíbrio emocional

- Sabemos, todavia, à luz da visão imortalista, que além do corpo carnal, a ele encontra-se integrado o ser espiritual, repleto de valores e vivências que transcendem os limites sensoriais da matéria. Aprender a identificar-nos com essa “essencialidade” é o caminho para a reeducação das tendências eróticas

- Aprender a captar a “essencialidade” do outro é perceber-lhe os eflúvios da alma, seus medos, suas dores, seus valores, suas vibrações e necessidades. É ir além do perceptível e encontrar o mundo subjetivo do próximo sentindo-lhe integralmente. O resultado será a sublimação de nossos sentimentos pela lei de correspondência vibracional, atraindo forças que vão conspirar a favor de nossos objetivos de ascensão

- Assim como preparamos o corpo para o despertamento, igualmente devemos  nos lançar ao preparo espiritual para retornar as refregas do dia. A essa atitude chamamos de “interrupção do fluxo condicionado” da vida mental. É adentrar na “teia de correntes etéreas”, para não se contaminar ou ser sugestionado pela força atrativa desse mar de vibrações pestilenciais de ambientes coletivos

- Esse “estado de oração” é a alma sintonizada com o melhor de todos, condição interior que requer, por enquanto, muita vigilância e oração de todos nós para ser atingida. Quem ora recolhe auxílio para os interesses elevados. Quem ora tma contato com o “Deus interno” ativando a “expansão da consciência”, desatando energias de alto poder construtivo e libertador sobre todos os corpos e na psicosfera ambiente

-Estabelecido esse estado interior de dignificação espiritual, o próximo passo é lançar-se ao esforço reeducativo na transformação dos hábitos


10 – CAPÍTULO 08 – AREEPENDIMENTO TARDIO

- O clima do arrependimento embora doloroso a princípio, é a porta de acesso a indispensáveis posturas de reequilíbrio em relação ao futuro. Sem arrependimento não existe desilusão, e sem desilusão não podemos contar com a mais vantajosa das esperanças : o desejo de melhora enriquecido pela bênção das expectativas de recomeço

- O exercício da desilusão é o antídoto capaz de atenuar os reflexos das enfermidades ou faltas que ainda transportamos para além-túmulo

- Digamos que o arrependimento é uma chave que liberta a consciência dos grilhões do orgulho. Chega , porém,
Instante Divino em que, estando demasiadamente represada as energias da culpa, a misericórdia atua de maneira a ensejar o reajuste e a corrigenda.Sem arrepender-se, o homem é um ser que foge de si mesmo em direção aos pântanos da ilusão, por onde pode permanecer milênios e milênios

- A maioria esmagadora da humanidade se sente da falta do autoperdão e o desejo sincero do encontro com tuas culpas, pois preferema fuga a ter que fazerem o doloroso encontro com a SOMBRA


11 – CAPÍTULO 09 – ESPIRITAS NÃO PRATICANTES

- Ser Espírita é ser melhor hoje do que ontem, e buscar amanhã ser melhor do que hoje; é errar menos e acertar mais; é esforçar pelo domínio das más inclinações e transformar-se moralmente, conforme destaca Kardec

- O critério moral deve preponderar a qualquer a qualquer noção pela qual essa ou aquela pessoa utilize para se considerar Espírita. Nessa ótica encontramos o “Espírita da ação”, aquele batalhador, tarefeiro, doador de bênçãos, estudioso, que movimenta em torno das práticas. Temos também o “Espírita da reação”, aquele que reage de modo renovado aos testes da vida em razão de estar aplicando-se afanosamente à melhoria de si mesmo.

- Sem desejar criar rótulos e limitações indesejáveis, digamos que o primeiro está conectado com o movimento espírita, enquanto o segundo com a mensagem espírita. O movimento é a ação dos homens na comunidade, enquanto a mensagem é a essência daquilo que podemos trazer para a intimidade a partir dessa movimentação com o meio

- O Espírita não é reconhecido somente nos instantes em que encanta a multidão com sua fala ou quando arrecada gêneros na campanha do quilo, ou ainda por sua lavra inspiradora na divulgação, ou mesmo pela tarefa de direção. Essas são ações espíritas salutares e preparatórias para o desenvolvimento de valores na alma, mas o serviço transformador do campo íntimo, que qualifica o perfil moral do autêntico espírita, é medido pelo modo de reagir às circunstâncias da existência, pelo qual testemunha a intensidade dos esforços renovadores de progresso e crescimento a que se tem ajustado

- Pelas reações mensuramos se estamos ou não assimilando no mundo íntimo as lições preciosas da espiritualiza
ção. A ação avalia nossas disposições periféricas de melhoria, todavia somente as reações são o resultado das mudanças profundas que, somente em situações adversas ou na convivência com os contrários, temos como aquilatar em que níveis se encontram


12- CAPÍTULO 10 – REFLEXO MATRIZ

- Encontramos o reflexo –matriz do interesse pessoal como sendo a origem da rotina das operações psíquicas e
emocionais, as quais convergem para o que nomeamos como personalismo- a parcela patológica do EGO

- Assim declinamos porque o interesse individual em si é uma necessidade para o progresso. Seu excesso, no entanto, gerou essa fixação prolongada da alma no narcisismo – a paixão pelo que imaginamos ser

- Devido a esse arcabouço psicológico do personalismo, vivemos, preponderantemente, em torno daquilo que imaginamos que somos. São as ilusões. Sua manifestação mais saliente é a criação de uma auto-imagem superdimensionada em valores e conquistas que supomos possuir

- Lutamos há milênios com a força descomunal desse reflexo- matriz que dirige por automatismo, até mesmo, a maioria de nossas escolhas. Em razão disso, quando temos o interesse pessoal contrariado, magoamos; quando feridos, penetramos no melindre; quando ameaçados, tombamos na insegurança; quando traídos, caímos na revolta; quando lesados, inclinamos para o revide

- O desenvolvimento de novos hábitos constitui a terapêutica para nossos impulsos egoístas. A caridade, entendida como criação de relações educativas, será medida libertadora dessa escravidão dolorosa nos costumes humanos


13 – CAPÍTULO 11 – A ARTE DE INTERROGAR

- Sem recolhimento e introspecção educativa não teremos respostas claras e indispensáveis na elaboração do programa de autoconhecimento. Imprescindível efetuar perseverante investigação no que se chama “força maior”.Será uma compulsão? Um Espírito? Um trauma? Uma tendência? Uma patologia física? Um impulso adquirido na infância? Uma lembrança da erraticidade? Um problema surgido na gestação maternal? Uma emersão de recordações das atividades noturnas? Uma influência passageira e intermitente ou uma obsessão progressiva? Uma contaminação fluídica por “nuvens de ideoplastia” dos pensamentos humanos? A irradiação magnética dos ambientes? Qual a origem e natureza das forças que nos cercam?|

- Não guardamos dúvidas em afirmar que o labor iluminativo de todos nós tem um ponto comum : a urgente necessidade da educação dos sentimentos. A etmologia da palavra educação significa “trazer à luz uma idéia”, é fazer a idéia passar da potência ao ato, da virtualidade à realidade

 À luz dos conceitos espíritas, educar é ir de encontro aos germes da perfeição que se encontram potencializados na alma desde a sua criação, é despertar, dinamizar as qualidades superiores que todos trazemos nas profundezas da vida inconsciente

- A educação de nossos sentimentos é algo doloroso, semelhante a “cirurgias corretivas” que fazem do mundo emocional um complexo de vivências afetivas de longo curso, quais sejam :
(1) A renúncia de hábitos
(2) A vigilância na tentação
(3) O contato com o sentimento da inferioridade humana
(4) A tormenta da culpa
(5) A severidade na cobrança
(6) A dúvida sobre quem somos e o que sentimos
(7) O medo de não conseguir superar-se
(8) A insegurança nas escolhas

- Essa educação das emoções é o imperativo de penetrarmos “partes ignoradas” de nossa intimidade espiritual no resgate de valores divinos adormecidos

- Algumas diretrizes práticas a fim de renovarmos, quando peregrinamos pelos escaninhos do desconhecido país de nós próprios

(1)   As intenções são o “dial da consciência”
- Sintonia  com as faixas mentais pelas escolhas

(2)   Aprendamos a dar nomes aos sentimentos
- Interrogar que sentimento estava por traz daquele acontecimento

(3)   Admitir o que sentimos, sem medos e subterfúgios de defesa
- Por que senti (nomear o sentimento) em relação a essa criatura? Qual a razão desse meu sentimento em circunstâncias como a que experimentei?

(4)   Reações aos desafios da vida
- Qual o sentimento nos impulsionou nessa ou naquela situação?

(5)   Cultivar a empatia
- Aprender a se colocar no lugar do outro e sentir o que sente, entender-lhe as razões e procurar estudar os motivos emocionais de cada pessoa

 - Deveríamos nos dar por muito satisfeitos no dia de hoje pelo simples fato de não recorrermos intencionalmente ao mal

- O grave equívoco é que muitos lidadores da Nova Revelação acreditam que renovar é angelizar


14 – CAPÍTULO 12 – SER MELHOR

- Para a realização da Reforma Íntima associa-se, comumente, a idéia de anulação de sentimentos, negação de impulsos ou eliminação de tendências, que, se não forem exploradas sensatamente, poderão tecer uma vinculação mental ao absoleto bordão do “pecado original’

- Essa vinculação conduz-nos a priorizar a repressão como sistema de mudanças-, ou seja, a violentação so mundo íntimo, gerando um estado compulsivo de conflito e pressão psíquica. Esse sistema de inaceitação é caracterizado, quase sempre, pela ansiedade em aplacar sentimentos de culpa, uma fuga que declara a condição íntima de indignidade pelo fato de sentir, fazer ou pensar em desacordo com o que aprendemos na Doutrina dos
Espíritos

- A culpa não renova, limita. Não educa, contém. Ela nasce no ato de avaliar o direito natural de errar como sendo pecado que merece ser castigo

- Reforma íntima não é ser contra nós. Não é reprimir e sim educar. Não é exterminar o mal em nós, e sim fortalecer o bem que está adormecido na consciência

- A palavra educação, que vem do latim “educere”, significa tirar de dentro para fora. Renovar é extrair da alma os valores divinos que recebemos quando fomos criados


- menos contenção e mais conscientização, eis a linha natural de aprender a “dar ouvidos’ aos alvitres do bem divino que retumbam qual eco de Deus na nossa intimidade

- Reforma é um trabalho processual, pois somente com o tempo, gradual e progressivamente, se pode operar.
Exigir de si mais que o possível é dar espaço para tornarmo- nos ansiosos ou desanimados. Valorizemos com otimismo e aceitação o que temos condição de fazer para ser melhor


15 - CAPÍTULO 13 - MEDITAÇÃO DA AMIZADE COM O HOMEM VELHO

- Vamos juntos fazer uma viagem ao encontro de nossa sombra. Antes, porém, recordemos alguns conceitos.

- Aceitar-se é ter a coragem de olhar para si mesmo. Aceitação é diferente de conformismo com o mal

- Aceitar-se é admitir a si mesmo suas limitações com finalidades de estudá-las para transformá-las. Aceitar imperfeições é muito diferente de aceitar erros

- A inimizade com o homem velho é extremamente prejudicial ao desenvolvimento dos valores divinos, porque gastamos toda a energia para combater-nos e não para talhar virtudes e conquistar nossa SOMBRA

- Nada sofre destruição e aniquilamento, tudo é transformado e aperfeiçoado em a natureza. Não se mata o que fomos, conquistamos. Não se extermina com o passado, harmonizamos

- O auto-amor é a medida moral de paz conosco mesmo em favor dos objetivos maiores que almejamos. Não há liberdade interior sem a presença do amor





16 – CAPÍTULO 14 – IMUNIDADE PSÍQUICA

- Comumente encontramos três tipos de almas nos capítulos da obsessão : os nossos credores de outros tempos, os oportunistas que criam vínculos pela invigilância humana e os declarados adversários do bem

- Dona Modesta disse : “Nosso irmão Cesário o recurso da “imunidade psíquica” com o qual nos permite uma tarefa de parceria. Ele é usufrutuário de um “contrato de assistência” permanente em razão dos méritos a que se fez credor”
 - “O anel luminoso em sua cabeça é uma criação de almas superiores em favor da obra do bem que todos, pouco a pouco, estamos construindo na Terra. Chama-se “imunizador psíquico”, composto de material de alta potência irradiadora de ondas mentais de curta freqüência, o qual é um aparelho de defesa mental que concede ao médium melhores recursos no desempenho de sua missão”

- “Nem todos os médiuns o carregam esse anel, pois ele é uma concessão da misericórdia não há parcialidade nisso, mas sim que os bons espíritos se interessam pelos que usam criteriosamente da faculdade de discernir e trabalham seriamente por melhorar-se. Dão a esses suas preferências e os secunda”

- “O médium em questão não está isento de sua luta auto-educativa em razão dos “anéis defensivos”. Esse “artefato de proteção”  é implantado no corpo sutil entre o cérebro e o corpo perispiritual, junto ao centro coronário, através de uma verdadeira cirurgia que lembra um transplante

- Poderá ocorrer ama “suspensão natural” da imunização psíquica

17 – CAPÍTULO 15 – DIÁLOGO SOBRE ILUSÃO

- Definamos ilusão como sendo aquilo que pensamos, mas que não corresponde à realidade. A pior das ilusões é a que temos em relação a nós : a auto-ilusão

- A causa das ilusões decorrem das nossas limitações em perceber a natureza dos sentimentos que criam ou determinam nossos raciocínios. Na matriz delas encontramos carências, desejos, culpas, traumas, frustrações  e todo um conjunto de inclinações e tendência que formam o subjetivo campo das emoções humanas

- Na auto-ilusão, o iludido pensa o mundo “negando” senti-lo, um mecanismo natural de defesa face às dificuldades que encontra em lidar com suas emoções. Por isso que o objetivo da reencarnação consiste em desiludir-nos sobre nós mesmos, através da criação de uma relação libertadora com o mundo material

- O iludido esconde-se de si mesmo, criando um “Eu ideal” para atenuar o sofrimento que lhe causa a angústia de ser o que é. Ele esconde-se de si mesmo devido ao sentimento de inferioridade

- Auto-ilusão é aquilo que queremos acreditar sobre nós mesmos, mas que não corresponde à realidade do que verdadeiramente somos. È aquilo que imaginamos que somos. È aquilo que pensamos que somos e desejamos que os outros creiam sobre nós

- Existe uma tendência à auto-suficiência entre os depositários do conhecimento espírita. Discursam sobre a condição precária em que se encontram assumindo a condição de almas carentes e necessitadas, todavia , diametralmente oposto a isso, agem como se fossem “salvadores do mundo” com todas as respostas para a humanidade. Essa incoerência na conduta é provocada pela ilusão que criaram do papel do espírita no mundo

- O orgulho promove a auto-suficiência, a mais enraizada manifestação da ilusão, é a ilusão de querer ser o que imaginamos que somos. Essa é a pior ilusão, a auto-imagem falsa e superdimensionada de nós mesmos

- A auto-imagem é uma cristalização mental, uma irradiação que cria uma rotina escravizante nos sentimentos, permitindo-nos viver somente as emoções em uma “faixa de segurança”, a fim de não perdemos o status da criatura que supomos ser e queremos que os outros acreditem que somos

- Além dessa auto-imagem temos um “Eu Real”, que estamos tentando ignorar há milênios. Essa parcela de nós é a sombra da qual queremos fugir

- Existe muita idealização confundindo aprendizes que imaginam estar dando “saltos evolutivos” em direção a esse “Eu Real”, entretanto, em verdade, estão se movimentando na esfera do “Eu Idealizado”

- Os “saltos evolutivos”é um tipo de ilusão que normalmente assalta os religiosos de todos os tempos , imaginando muito melhorados a partir do contato com alguma diretriz ou prática religiosa e, então, passam a viver uma vida idealizada, um projeto de “vir-a ser”. È o discurso sem a vivência. O nome mais conhecido desse comportamento é “puritanismo”

- Na idealização pensamos o que somos e, como conseqüência, vivemos o que gostaríamos de ser, mas ainda não somos. É o hábito das aparências. Na reforma íntima sentimos o que somos, e como conseqüência vivemos a realidade do que somos com harmonia, ainda que nos cause desconfortos. È o processo da educação paulatina

- Vencemos as nossas ilusões desapegando-se da falsa auto-imagem falsa que fazemos de nós mesmos, através do autoconhecimento

- Havendo o desapego, conseguiremos libertar os sentimentos para novas experiências com o mundo e, consequentemente com nosso “Eu Profundo”

- Alguns exercícios de desapego:

(1) Fazer as pazes com as imperfeições
(2) Abandonar os esteriótipos e aprender a se valorizar com respeito
(3) Descobrir sua singulariedade e vivê-la com gratidão
(4) coragem para descobrir seus desejos, tendências e sentimentos
(5) Exercitar a auto aceitação através do perdão
(6) Munir-se de informações sobre a natureza de suas provas
(7) Aprender a ouvir com atenção o que se passa à sua volta
(8) Dominar o perfeccionismo nutrindo a certeza de que ser falível não nos torna mais felizes
(9) Valorizar afetivamente as suas vitórias
(10) Descobrir qualidades, acreditar nelas e colocá-las a serviço das metas de crescimento

18 – CAPÍTULO 16 – LIÇÕES PRECIOSAS COM DR INÁCIO

- Mal sabem os homens o que significa para milhões de corações apegados â matéria o simples contato com o corpo físico de um médium

- O corpo físico, para quem dele não se desprendeu mentalmente, pode ser chamado de um vício. Talvez, Ermance, o mais velho vício de todos

- Os Espíritas, acham que sabem tudo sobre plano espiritual, somente porque atendem Àquele monte de almas penadas” que ficam pedindo lenço colo para desabafarem suas mágoas

- Está cheio de médium fumante indo para as mediúnicas com o coração repleto de amor e acabam servindo do mesmo jeito, na falta de alguém em condições mais apropriadas. A utilidade dos médiuns, os quais ainda experimentam essas vivências do homem comum, depende de seus sentimentos

19 – CAPÍTULO 17 – POR QUE MELINDRAMOS ?

- Existe a ofensa por razões naturais, provenientes do instinto de defesa e preservação. A ofensa tem sua faceta benéfica, porque não devemos aceitar tudo que acontece à nossa volta passivamente, sem uma reação que nos faça sentir lesados ou ameaçados

- O objetivo desse sentimento será sempre o de nos colocar a pensar na elaboração de uma conduta ajustada à natureza das agressões que sofremos

- Larga diferença vai entre a ofensa natural e o melindre, que é a reação neurótica às ofensas. Melindre é o estado afetivo doentio de fragilidade, que dilata a proporção e natureza das agressões que sofremos do meio. Assim, aumenta a intensidade do fato e desgasta-se afetivamente através de imaginações febris sobre a natureza das ocorrências que lhe afetaram

- A mágoa é o peso energético nascido das ofensas transportadas conosco dia após dia como fosse um “colesterol da alma”, causando-nos males no corpo e no Espírito

- Na raiz do melindre e da ofensa está o orgulho, como diz Allan Kardec : “Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribui à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta”

- O que está por trás da grande maioria das ofensas humanas são as contrariedades, ou seja, tudo aquilo que não acontece como se gostaria que acontecesse. Esse “ vício de não ser contrariado foi adquirido pelo Espírito em suas diversas vigeliaturas reencarnatórias, nas quais teve todos os interesses pessoais atendidos a qualquer preço

- Hoje, renasce em condições que limitam suas tendências de saciação egoísta, instaurando um delicadíssimo sistema de “revolta silenciosa” quando não consegue o atendimento de seus interesses, experimentando uma baixa tolerância a frustrações. Essa “revolta” é o movimento interior de repúdio da alma aos novos quadros de vida a que é lançada, nos quais é compelido, pela força das circunstâncias, a  aprender a obediência aos ditames da Lei Natural. Esse é o preço justo que pagamos pelo costume de ser atendido em tudo que queríamos no pretérito

- Não se consegue improvisar defesas para um condicionamento tão envelhecido de hora para outra. Uma faceta das mais comuns desse “estado de suscetibilidade” aos fatos da vida pode ser verificada na “neurose de controle” a qual pode ser entendida como a atitude de tentar levar a vida de forma a não permitir nenhuma contrariedade, nenhuma decepção. Essa “neurose” pode ser considerada como uma maneira de se defender do “vício de não ser contrariado”

- O esforço em controlar tudo para que as coisas aconteçam “a gosto” tem como principal metamorfose a preocupação. Preocupação é o resultado de quem quer ter domínio sobre tudo da sua existência. Surge inesperadamente ou por uma razão plausível, mas é, em muitas ocasiões, o resultado oneroso dessa “necessidade de tomar conta de tudo” para não acontecer o pior, o inesperado

- Classificação dos contrariados, segundo os dramas que vivem :

(1) Contrariado crônico :

- É aquele que não aceitou o próprio ato de reencarnar, já trazendo impresso na áurea o clima de sua insatisfação
- Casos como esse tendem a transtornos de natureza mental

(2) Colecionador de problemas

- É aquele que traz, de outras vivências corporais, o vício da satisfação de interesses pessoais e que busca seu ajuste com os atuais quadros de limitação na reencarnação presente

(4)    o adulto frustrado

- É aquela criança que foi mal orientada, que teve quase todos os seus desejos e escolhas atendidas, criando ausência de limites e baixa resistência à frustração
- Foi a criatura impedida pelos pais de se frustrar com os problemas próprios das crianças

- Em qualquer uma das situações citadas, o sentimento de ofensa será comum na vida dessa criaturas

- Ofendermo-nos é impulso natural em vista dos direcionamentos que criamos nas rotas do egoísmo. Contudo, Deus não criou um sistema de punições para seus filhos e nos concede a todo instante o direito de perdoarmos. E perdoar, acima de tudo, significa aprender a aceitar sua vontade sábia e justa em favor de nossa paz


20 – CAPÍTULO 18 - FÉ NAS VITÓRIAS

- A reforma íntima exige otimismo e fé para alcançar seus objetivos. S[ó será concretizada através de uma relação de confiança conosco mesmo. É a crença de que somos capazes de livrarmos dos males que nos acompanham nas milenares experiências

- Costuma-se observar na atualidade uma “neurotização” da proposta de renovação interior. Precisamos prender a ser “gente”, a ser humano, a exercer o autoperdão, a admitir falhas, ciente de que podemos recomeçar sempre e sempre, quantas vezes forem necessárias.A proposta espírita é de aperfeiçoamento e não de perfeição imediata

- Essa “neurotização da virtude” gera um sistema de vida cheio de hábitos e condutas radicais e superficiais que são fronteiriços com o fanatismo. Isso nos desaproxima ainda mais da autêntica mudança

- Não devemos fazer de nossos erros a nossa queda. Recomeço sempre. Esquivemos, portanto, da vaidade de querer vencer todas as batalhas e assumamos a posição íntima do bom combatente, aquele que sabe respeitar seus limites e jamais desistir de lutar. Vitória sobre si, esse é o nosso bom combate

 21 - CAPÍTULO 19 – ANGÚSTIA DA MELHORA

- Angústia é o sofrimento emocional originado por alguma indefinição interna que leva ao conflito, causando intensa aflição. Seus reflexos podem alcançar o corpo físico com dores no peito e alteração respiratória

- Os conflitos  nascem do desajuste entre aquilo que a criatura quer, aquilo que ela deve e aquilo que ela é capaz. Um descompasso entre desejo, sentimento e escolha

- Muitos corações convidados pelas suas atrativas idéias poderão experimentar, em graus diversos, a angústia da melhora – o sofrimento que reflete a luta entre um “Eu Real” e o “Eu Ideal”

- porque ainda não logramos a habilidade do auto-amor, costumamos ser muito exigentes com nossas propostas de progresso moral, cultivando baixa tolerância com as imperfeições e os fracassos. O resultado eminente desse quadro mental é o cansaço consigo, a desmotivação com suas atividades espiritualizantes, induzindo o desejo de abandonar tudo, levando a criatura ás famosas senhas do derrotismo

- Querer ser melhor e não conseguir tanto quanto gostaríamos! Eis a mais comum das angústia ao longo do trajeto de aperfeiçoamento na vida. Sofremos os impactos emocionais do erro ou do desconforto com nossas imperfeições porque acreditamo-nos grandiosos demais, portadores de virtudes que ainda não alcançamos

- Somente acendendo a luz do autoperdão, na aceitação das atitudes enfermiças e impulsos infelizes é que edificaremos estimulante campanha de promoção pessoal, no aprimoramento rumo à perfeição

- Não devemos recear a postura de enfrentamento do mundo íntimo. Um acordo de pacificação interior deve existir entre nós e nossa velha personalidade. Ao invés de cobrança e tristeza, seria mais sensato um auto-exame para verificar o que poderíamos ter feito de melhor nas ocasiões de erro

- Da mesma forma, instrui-te sempre sobre a natureza de suas mazelas, a fim de melhor ajuizares sobre a seu modus operandi. Se em nada te valer semelhantes apontamentos, então reflete que pior ainda será se parares e decidires por interromper o doloroso trabalho de melhoria

- Enquanto se processam semelhantes ações de fortalecimento, podemos ainda contar com duas medidas profiláticas de dilatado poder em favor de nossa paz : A vigilância e a oração

(1)   Vigilância
- A função do vigilante é preventiva, é comunicar à sua volta que algo está sob cuidado e não à mercê das ocorrências. Quem vigia, o faz para que algo não o surpreenda ou agrida

- Vigilância no terreno da reforma íntima significa estar atento ao inimigo, aquele que pode nos causar prejuízos nosso homem velho

- A maneira mais pacífica de vigiar o inimigo é conquistando-o, e só o conquistamos demonstrando a inviabilidade da guerra, fazendo fortes o suficiente os nossos valores para que ele se sinta impotente, incapazes de ser mais forte

- Vigilância é atenção para com as movimentações inferiores da personalidade

(2)   Oração
- A oração é o movimento sagrado da mente no despertamento de forças superiores

            - É a busca da alma que se abre para o bem e se fortalece


22 – CAPÍTULO 20 – IMPRUDÊNCIA NO TRÂNSITO

- O acaso seria uma aberração nas leis do Universo, portanto, não existe. A programação reencarnatória, entretanto, é um plano com objetivos divinos em favor de quem regressa à sagrada experiência corporal na escola terrena

- Nem sempre o que acontece está na programação da vida física; nem por isso existe acaso, ou seja, mesmo o “imprevisto” tem finalidades sublimes na ordem universal, embora pudesse ser evitado. Nada existe por acaso, quer dizer, para tudo há uma causa, uma explicação. Isso não significa que tudo tenha que acontecer como acontece, Até os fatos do mal não existem sem causalidade, por reflexo oriundo de nossas decisões infelizes

-  Inclusive a categoria de desencarne pode sofrer modificações , conforme o proveito pessoal na reencarnação

- Por se tratar de uma criatura tão consciente quanto o médium Frederico, a cobrança consciencial é maior. Ele próprio se imporá severos castigos. Então, mesmo não havendo intenções propositais do ato criminoso, ele guarda um nível de culpabilidade pelo esclarecimento que possuía, pois todo esclarecimento torna-nos mais responsáveis

- Por trás da imprudência escondem-se, quase sempre, os verdugos da ansiedade, da malquerência, da vida de aparências, da avareza e de múltiplas carências que o homem procura preencher correndo riscos e desafios em nome do entretenimento e da vitória transitória

- A direção de um veículo motorizado é uma arte, e como tal deve ser conduzido: a arte de respeitar a vida, o que não ocorreu o médium Frederico




23 – CAPÍTULO 21 – DEPRESSÕES REEDUCATIVAS

- À luz da ciência, depressão primária é o quadro cuja doença não depende de fatores causais para surgir, sendo, em si mesma, causa e efeito, ao passo que a depressão secundária é aquela que decorre de um fator causal que pode ser, por exemplo, uma outra doença grave que resulta em levar o paciente a ficar depremido

- Boa parcela dos episódios de “Depressão primária crônica”, aqueles que se prolongam e agravam no tempo, mas que permanecem nos limites da neurose, ou seja, que não alcançam o nível de perda da realidade, são casos que merecem uma análise sob o enfoque espiritual graças à sua íntima vinculação com o crescimento interior

- À luz da imortalidade, as referidas depressões são como uma “tristeza do espírito” que ampliam a consciência de si. Um processo que se inicia, na maioria dos casos, antes do retorno à vida corporal quando a alma, em estado de maior “liberdade dos sentidos”, percebe com clareza a natureza de suas imperfeições, suas faltas e suas necessidades, que configuram um marcante sentimento de falência e desvio das Leis Naturais e, a partir dessa visão ampliada, são estabelecidos registros profundos de inferioridade e desvalor pessoal em razão da insipiência na arte do perdão, especialmente do autoperdão

- Semelhantes depressões, portanto, são o resultado mais torturante da longa trajetória no egoísmo, porque o núcleo desse transtorno chama-se “desapontamento ou contrariedade”, isto é, a incapacidade de viver e conviver com a frustração de não poder ser como se quer e ter que aceitar a vida como ela é, e não como se gostaria que fosse

- Considerando o egoísmo como p hábito de ter nossos caprichos pessoais atendidos, a contrariedade é o preço que pagamos pelo esbanjamento do interesse individualista em milênios afora, mas, igualmente, é o sentimento que nos fará refletir na necessidade de mudança em busca de uma postura ajustada com as Leis Naturais da vida

- O renascimento corporal é programado para que a criatura encontre nas ocorrências da existência os ingredientes precisos à sua transformação. Brota então, espontaneamente, o desajuste, em forma de insatisfação crônica com a vida, funcionando como canal de expulsão de culpas armazenadas no tempo, controladas com a força da mecanismos mentais defensivos ainda desconhecidos da ciência humana e eclodindo sem possibilidade de contenção. Um “expurgo psíquico” em doses suportáveis

- Os sintomas a partir de então são muitos conhecidos da medicina humana : tristeza persistente, insônia, idéia de auto-extermínio, vazio existencial e outros tantos. Poderíamos asseverar que almas comprometidas com esse quadro psicológico já renascem com um “ego frágil”, suscetível a uma baixa tolerância com suas falhas e estilo de visa, uma dolorosa incapacidade de se aceitar, menos ainda de se amar

- A rebeldia , no entanto, que é a forma revoltante de reagir perante os convites renovadores, pode agravar ainda mais a prova íntima. Nesse caso o homem soçobra em dores emocionais acerbas que o martirizam no clímax da dor-resgate. Medo, revolta, suscetibilidade, impotência diante dos desafios são algumas das expressões afetivas que podem alcançar a morbidez, quando sustentadas pela teimosia em não aceitar os alvitres das circunstâncias que lhe contrariam os sonhos e fantasias de realização e gozo. Forma-se então um quadro de insatisfação crônica com a vida

- Como já dissemos, esse é sem dúvida o mais infeliz efeito do nosso egoísmo, o qual age contra nós próprios ao decidirmos abandonar a suposta supremacia e grandeza que pensávamos possuir, em nossas ilusões milenares de orgulho que se desfazem ao sopro renovador da verdade

- A depressão é uma forma de focar o mundo provocada por fatores intrínsicos, endógenos, desenvolvidos em milênios de egoísmo e orgulho. Chamamo-la em nosso plano de “Silenciosa expiação reparadora”

- Acostumados a impor nossos desejos e a imprimir a marca do individualismo, somos afora chamados pela dor reeducativa a novos posicionamentos que nos custam, quase sempre, a cirurgia dos quistos de pretensão e onipotência, ao preço de “silenciosa expiação” no reino da vida mental. Somos “contrariados” pela vida para que eduquemos nossas potencialidades
- O orgulho é o “manto escuro” que tecemos com o fio do egoísmo, com o qual procuramos nos proteger da inferioridade que recalcitramos aceitar em nós mesmos de longa data. Assim como o orgulho é um “manto”, com o qual ingenuamente  acreditamos estar protegidos dos alvitres vindos de fora concitando-nos à autenticidade, a culpa é a lâmina cortante vindo de dentro que nos retira o controle e exige um novo proceder


24 – CAPÍTULO 22 - A VELHA ILUSÃO DAS APARÊNCIAS

- Hipocrisia é o hábito humano adquirido de aparentar o que não somos, em razão da necessidade de aprovação do grupo social em que convivemos. Podemos conceituar como a atitude de simular, antes de tudo para nós mesmos, uma “imagem Ideal” daquilo que gostaríamos de ser

- Não podemos asseverar que todo processo de defesa psíquica que vise negar a autêntica realidade humana seja algo patológico e nocivo. Muitas almas não teriam a mínima saúde mental não fossem semelhantes recursos que, em muitas ocasiões, funcionam como um “escudo protetor” que vai levando a criatura, pouco a pouco, ao conhecimento doloroso da verdadeira intimidade, até ter melhores e mais seguros recursos de libertação e equilíbrio

- Quando nesse processo existe a participação intencional de ações que visem impressionar os outros com qualidades ainda não conquistadas, principalmente para auferir vantagens pessoais, então se estabelece a hipocrisia, uma ação deliberada de demonstrar atitudes que não correspondem à natureza dos sentimentos que constituem a rotina de sua vida afetiva

- As vivências sociais humanas com suas exigências materialistas conduziram o homem à aprendizagem da hipocrisia. A substituição de sentimentos foi um fenômeno adquirido. O hábito de camuflar o que se sente tornou-se uma necessidade perante os grupos, e certas concepções foram desenvolvidas nesse contexto que estimulam a falsidade

- Torna-se imperioso o erguimento da bandeira do diálogo franco acerca das reais necessidades que todos carregamos, rompendo com um ciclo de “faz de conta”. Disso resulta o conflito, a dor, a cobrança, o perfeccionismo e todo um complexo de autodesamor

- Sejamos nós mesmos e não nos sintamos menores por isso. Se acreditamos, portanto, na imortalidade e sabemos da existência dessas “Leis espelhos”, deveríamos então concluir que o quanto antes, para aqueles que se encontram na carne, tratarmos nossa realidade sem medos e culpas, maior será o bem que fazemos a nós mesmos

- Viver distante da hipocrisia necessariamente não significa expor a vida íntima e as lutas que carregamos a qualquer pessoa, mas expô-las, antes de tudo, a nós mesmos, assumindo o que sentimos, os desejos que nutrimos, os sonhos que ainda trazemos, os sentimentos que nos incendeiam as paixões, os pensamentos que nos consomem as horas, esforçando-se por analisar nossas más condutas

- Temos recebido na vida espiritual inúmeros companheiros de ideal, cuja revolta consigo próprios leva-os a tormentos patológicos de graves proporções, quando percebem o equívoco em acreditar que tão somente suas adesões às atividades de amor lhes renderiam o “reino dos céus”. A ilusão é tão intensa que requer tratamentos especializados e longos em nosso plano. Muitos desses corações, sem exceção, estão esperando mais do que merecem, é quando surge a inconformação diante das expectativas de honrarias e glórias injustificáveis na Espiritualidade. Então esbravejam ao perceberem que são tratados com muito carinho e amor, a fim de assumirem sua verdaeira realidade de doentes


25 – CAPÍTULO 23 – SÓ O BEM REPARA O MAL

- Todos retornamos ao carreiro físico com certo nível de arrependimento que intensifica esse anseio de melhora e reparação

- A maioria de nós quando no retorno à escola terrena, carreamos na intimidade uma pulsante aspiração de nos transformarmos, em razão das angústias experimentadas pelas duras revelações descerradas pela desencarna
ção. O traço psicológico característico desse quadro é um forte sentimento de cobrança conosco mesmo

prio adotar conceito de eliminação para os assuntos da vida interior. Nunca eliminamos uma “parte”, a integramos
- Nesse torvelinho do “sistema psíquico de cobranças”, provocadas pelo “estado de arrependimento”, surgem dores emocionais profundas –sintomas de almas em crescimento. Depressão e baixa auto-estima, insegurança e ansiedade muito frequentemente são “angústias do aperfeiçoamento

- Não existe sentimento de culpa arquivado, existe estado patológico acumulado como resultado das “feridas conscienciais” que se espraiam para o corpo, transformando-o em um “dreno”

- A cobrança é o estado de incômodo permanente criado pela presença quase contínua desse estado patológico no halo de energias sutis da mente, impedindo o fluxo natural das correntes da saúde, da harmonia e do amor a si. Conquanto dolorosa, essa é a forma pela qual a alma resgata o vínculo entre sentimento e consciência, rompido pela antimanha aprendida de negar sentimentos para não escutar os alvitres da “voz interior”

- Desenvolvemos  ao longo de milênios a “capacidade” de negar os sentimentos que ela nos envia, como sendo suas mensagens dirigidas ao bem. O coração é o espelho da consciência. Pelo que sentimos identificamos os apelos da consciência em favor do nosso progresso. Recusando reincidentemente, em séculos de rebeldia, os seus alvitres pelas vias de sentir, estabelecemos o que nomeamos com “cristalização do afeto”, um desajuste nos reinos da vida mental que causa inúmeros transtornos psiquiátricos

- O auto-amor é a base da mudança pessoal. Somente amando-nos venceremos a severidade com nossas imperfeições, escapando das garras da culpa e do perfeccionismo

- Arrependimento é via de redenção e ao mesmo tempo “castigo” para a almas em reeducação. Os arrependidos, conquanto a caminho da recuperação de si mesmos, experimentam larga dificuldade na autoaceitação, cobram severamente de si em razão do sistema autopunitivo implantado pela “patologia de culpa”, agregado ao seu campo áurico e perispiritual. Uma insatisfação incessante, eis a faceta mais traduzível desse processo curativo do Espírito. Esse quantum energético enfermiço é um dos fatores causais da desarmonia dos neurotransmissores da química cerebral, como a serotinina e a noradrenalina

-Para nós que abraçamos a causa Espírita, nossa única qualidade é a de almas que nos arrependemos do mal e desejamos ardentemente o bem. Sem medo, vergonha ou culpa, verifiquemos os quistos morais que fomos chamados a extirpar, e não nos sintamos diminuídos ou desvalorizados em razão dessa inadiável viagem de encontro ao “Eu Superior”

- Somente arrepender não basta, é preciso realizar. Somente estagiar no desejo de melhora não é suficiente para o equilíbrio, é mister agir na construção do bem

- Errar e recomeçar fazem parte da longa caminhada regenerativa, e somente uma atitude pode fazer com que o arrependimento transforme-se em loucura ou perturbação, fracasso ou queda : a desistência de tentar, pois assim transformaremos o arrependimento impulsionador em remorso estagnante e tortura mental a caminho do desajuste


26 - CAPÍTULO 24 – ÍCONES

- A vida é dialética, tem aparentes contradições, porque consiste de opostos que são em verdade  complementa-res. Sem os opostos não existe a vida

- Luz e sombra, perfeição e imperfeição são faces de uma mesma estrutura da alma, razão pela qual será impró-

- Contudo, esse processo de integração gera um doloroso sentimento de perda, necessário ao progresso. Perde-se a “velha identidade” e não se sabe como construir “o que se deve ser agora”, a “nova identidade”

- Assim, enquanto a criatura não constrói o homem novo e singular, único e incomparável, ocorre um natural processo de imitação que o leva a “fazer cópias” de conduta do que lhe parece ser ideal. São os estereótipos
Espíritas

- Um livro, um palestrante, um devotado seareiro da caridade ou mesmo um amigo espiritual poderão se tornar bússolas para o progresso pessoal, o que é muito natural. Entretanto, semelhante identificação pode adoecer em
razão de vários fatores dolorosos, sendo que a idolatria é um dos mais comuns desvios

- Idolatria é o excessivo entusiasmo e admiração por uma pessoa com a qual partilhamos ou não a convivência.
Dois graves problemas, entre os muitos, decorrem dessa relação idólatra : as exageradas expectativas e a prisão aos estereótipos

- Caso a criatura habitue-se ao conforto de “escorar-se” psicologicamente no outro e fugir do seu esforço auto-educativo, passará ao terreno das ilusões, sentindo-se e acreditando-se tão virtuosa ou capaz quanto ele. È como “ser alguém”através dos valores do outro

- Quanto aos estereótipos, o hábito do dogmatismo, uma velha tendência humana de ouvir a palavra dos “homens santificados” pela hierarquia religiosa,tem trazido muitos desajustes

- Pessoas que se tornam carismáticas pelo sua natural forma de ser ou pelo valoroso desempenho doutrinário sã, comumente, colocados como “astros” ou “missionários”, fazendo, de seu proceder e de suas palavras, idéias conclusivas e definitivas sobre quaisquer problemáticas humanas

- Muitos ídolos adoram as bajulações e burburinho em torno de seu nome, Eles deveriam se educar e educar os outros para assumirem a condição de condutores, aqueles que lideram promovendo, libertando, e não fazrndo “coleção de admiradores” para alimentar seu personalismo

- Quando adornamo-nos com qualidades e virtudes que imaginamos possuir, perdemos a oportunidade de sermos nós mesmos, de eleger a autenticidade como nossa conduta, de construir o quanto antes a “nova identidade” que almejamos


27 - CAPÍTULO 25  - FÉ E SINGULARIDADE

- Um dos pontos de convergência mais comuns nos atendimento que realizamos no Hospital esperança, chamado “exercício de impermanência” – uma atividade de readaptação com espíritas recém-desencarnados que se fixaram em formas convencionais de pensar, e que cultivaram a ilusão de terem alcançado pleno domínio sobre os assuntos da vida espiritual, sendo convocados a reexaminar amplamente suas convicções e aspirações para além da morte física

- Esse fenômeno da vida mental chamamos de “desilusão” ou o rompimento com as “certezas-amarras”, colecionadas durante a passagem pela hipnose do corpo

-Muitos corações bafejados pelas claridades do espiritismo chegam por aqui como alunos que “fizeram cola”, ou seja, viveram às expensas do que pensavam outros co-idealistas ou seguiram os ditados mediúnicos com rigor na letra. Em face disso, deixaram de experimentar a mais notável vivência da alma enquanto na carne : a solidificação da fé raciocinante

- Fé raciocinada é um fenômeno psicológico e emocional construído a partir do desejo autêntico e perseveran-
te de compreender o que nos cerca - conquista somente possível através da renovação do entendimento e da forma de sentir a vida. É conquista individual, construção íntima e pessoal, e não pode ser considerada como adesão automática a princípios religiosos ou idéias que nos parecem aceitáveis e convincentes. E quanto mais maleabilidade intelectiva, mais chances de alcançarmos a fé que compreende e liberta

- Fomos educados para obedecer sem pensar, aceitar sem questionar. A fé racional somente será lograda quando aprendermos a “pensar a moral”, a pensar sobre si, a debater sobre as vivências interiores com espírito de liberdade, distante da censura e das recriminações, com coragem para distanciar de estereótipos

- A maior conquista da etapa hominal é a capacidade de raciocinar, no entanto, se essa habilidade não for utilizada para a aquisição gradativa da consciência de si, estagnaremos no patamar de “colecionadores de certezas” que nos foram transmitidas, esbanjando muita informação e carentes de transformação

- Nossa tarefa primordial, portanto, é recriar o conhecimento espírita adequado-o à nossa singularidade, sem com isso querer criar novos estereótipos de padrões coletivos. Respeitar os ensinos gerais, mas desvendar os nossos “mistérios interiores”, únicos no universo, eis o desafio da renovação espiritual

- É tão penoso viver o Evangelho porque, em verdade, é penoso o contato com nosso “eu real”, para o qual toda a mensagem de Jesus é dirigida. E para evitar esse contato, a mente “capacitou-se” a gerir as ilusões em milênios de experimentações, sendo muitas delas um mecanismo de fuga e proteção para isentar-se do contato doloroso com a verdade sobre nós próprios

- Não se vive Evangelho, entre outras infinitas questões, porque não se tem trabalhado ainda nos agrupamentos humanos, inclusive os espíritas, um método que permita  esse auto-encontro em bases educativas para a alma em aprendizado. O autoconhecimento solicita orientação segura e objetivos nobres para não se desvirtuar em autoflagelação e dor, normas severas e reprimendas - mecanismos típico do religiosismo que se destina à massi-
ficação, com total descrédito  a exuberância dos valores individuais que deveriam florir em nossos caminhos


28 - CAPÍTULO 26  - DISCIPLINA DOS DESEJOS

- Temos o desejo de viver, desejo dos sentidos, desejos de amar, desejo de raciocinar, desejo de Gratificação, todos consolidados no que vamos nomear como “inteligência primária automatizada”, guardando vínculos estreitos com as memórias estratificadas do psiquismo na evolução hominal

- È dessa “inteligência”  que são determinados o impulso do sentir conforme o “desejo central”, desejo esse que mais não é senão o reflexo indutor da rotina mental na vida do homem

- Intensificando ainda mais essas “forças impulsivas” do desejo central, encontramos os estímulos sociais da atualidade delineando novos hábitos e atitudes, no fortalecimento de velhas bagagens morais da alma através do instinto de posse

- na convivência, a intromissão desse hábito de posse estabelece o ciúme, a inveja, a depend|ência e a dor em complexas relações. O afeto, como expressão do sentimento humano, carreia um conglomerado de desejos, entre eles, carecendo de educação a fim de não fazer da vida interpessoal um colapso de energias, em circuitos delicados de conflitos e atitudes desajustadas do bem, provenientes de ligações malsucedidas e possessivas

- Devemos trabalhar para que todos os nossos consórcios de afeto, com quem seja, progridam sempre para a desvinculação, abstraindo-se de elos de idolatria e intimidade ou desprezo e mágoa, posturas extremas no terreno dos sentimentos que conduzem aos excessos

- O afeto que temos é somente aquele que damos

- Graças aos desejos centrais que,costumeiramente, assenhoreiam nossa rotina mental, constata-se uma dicotomia entre pensar, sentir e fazer. Exemplo comum disso é o ideal de espiritualização que esposamos. Temos consciência da urgência de unirmos, amarmos, somar esforços, crescer e melhorar, parem, nem sempre é assim que sentimos sobre aquilo que já conhecemos. Falamos, pensamos e até agimos no bem em muitas ocasiões, mas nem sempre sentimos o bem que advogamos, estabelecendo um “hiato de afeto” no comprometimento com a causa, atraindo desmotivação, dúvida, preguiça. Perturbação e ausência de identifica
ção com as responsabilidades assumidas. Tudo isso coadjuvado por interferências de adversários espirituais nos quadros da obsessão em variados níveis

- É assim que nossos sentimentos sofrem a “carga psico-afetiva” milenar dos desejos exclusivistas e inferiores, que ainda caracterizam a rotina induzida nos campos da mentalização

- A disciplina dos desejos tem duas operações mentais principais, que são a “contenção” e a “repetição”

(1)   Na “contenção é utilizado todo o potencial da vontade ativa e esclarecida, com a finalidade de assumir o contrlle sobre as fontes energéticas de teores primários e suscetíveis de causar danos aos propósitos que acalentamos
(2)   Na “repetição” é a força que coopera na dinamização dos exercícios formadores de hábitos novos, com os quais desenvolvemos os valores divinos

- Muitos corações encontram-se guindados a estreitas formas de expressão afetiva em razão de suas compulsões, adquiridas na satisfação egocêntricas dos desejos ao longo de eras e mais eras, limitados por não se encontrarem aptos a conduzir os sentimentos com elevação moral, quase sempreatrelados à erotização e irresponsabilidade nas emoções

- Outras vezes, os fatores complicadores surgem na infância, quando a necessidade infantil de afeto e atenção é um desejo natural e Divino para impulsionar o crescimento, contudo, quando não é convenientemente compensada, cria efeitos lamentáveis no seu desenvolvimento

- Vemos assim que significado tem os grupos solidificados nos valores evangélicos, notáveis pela sue força moralizante, instigando novos desejos na nossa caminhada de aperfeiçoamento . Em ambientes assim, a “contenção” é menos penosa e a “repetição” tem o reforço contagiante dos propósitos maiores


29 – CAPÍTULO 27 – PRESSÕES POR TESTEMUNHO

- Os desencarnados “sabem e podem mais” pela liberdade de ação. E os encarnados, entretanto, estão mais bem aquinhoados de estímulos para vencer os circuitos viciosos da dor das recordações

- Nossos irmãos na Terra tratam os obsidiados com vítimas de cobradores impiedosos. Se pudessem conceber semelhantes dores, chorariam pelos que aqui se encontram. Os obsessores, no entanto, não descobriram ainda como definir seus caminhos perante as graves perturbações emotivas que carregam e se iludem com as sensações inferiores de vingança e humilhação, perante quantos fazem luz que os importuna e agride

- Dona Modesto Cravo ao ser inquirida do por que de ser permitido que um médium com o campo mental ajustado passe por tipo de transtorno, ou seja, servir de ‘Polo magnético atrativo”, ou de “isca mediúnica”, conforme apelidado por Inácio Ferreira, respondeu : Sinésio, pelos recursos de amadurecimento que tem desenvolvido, pode participar dessas iniciativas sem riscos maiores em razão das reservas morais de sua força psíquica.

-Tornando-se alvo de alguma trama dos adversários, funciona como uma “isca”, atraindo para muito perto da sua vida mental os desencarnados que, sem perceberem, emaranham-se em uma “teia de irradiações poderosas”
permitindo-nos uma ação mais concreta em comparação a muitas das incursões nos vales sombrios.

-Temos assim um típico e pouco comum episódio de obsessão simples que termina tão logo é feito o desligamento de ambas as mentes. Uma “obsessão provocada”, uma “obsessão controlada”. Provocada por que é estabelecida uma conexão mental com uma entidade e, posteriormente, com o auxílio ao obsessor, através de uma “rede de acolhimento”, é defeito os laços obsessivos

- Nesse caso, além de poder servir à lei do amo, o médium dilata suas resistências espirituais logrando um excelente patrimônio autodefensivo para esses instantes tormentosos da Terra

30 – CAPÍTULO 28  - A FORÇA DO BEM

- Os homens costumam ver os Espíritos onde eles não estão, e onde eles estão não costumam ser vistos pelos homens

-Convencionou-se entre alguns adeptos Espíritas mensurar o valor espiritual de uma tarefa pela “oposição trevosa” que lhe é imposta. Alguns companheiros, inspirados nessa tese, interpretam todos os obstáculos em torno de seus passos no serviço doutrinário como “ciladas” e “manobras” contra seus ideais, como se tal critério constituísse um sistema de aferição exato e universal. Ingenuidade nessa questão será mais uma porta aberta para o acesso dos maus Espíritos

-As trevas só têm a importância que nós lhes emprestamos : A fraqueza, o descuido ou pó orgulho do homem são exclusivamente o que empresta força aos maus Espíritos.Quantas críticas e discordâncias, desavenças e tropeços existem nas equipes Espíritas com as quais as”trevas”, sem muito esforço, exploram assiduamente?

- As convicções pessoais intransigentes e a imprudência são as armas mais poderosas daqueles que se posicionam contra o nosso esforço auto-educativo, porque formam o campo mental propício para a sintonia e a perturbação que decorrem do personalismo e da invigilância


31- CAPÍTULO 29 – PSICOSFERA

- A mente humana tem seu campo mental de absorção e defesa estabelecida pelo teor de sua “radiação moral” : São as psicosferas. Quanto mais moralizado, mais resistente é o “circuito de imunidade da aura”, preservando o homem das agressões naturais de seu “ecopsiquismo” e selecionando o alimento mental vitalizador do equilíbrio de todo o cosmo biopsíquico

- Dessa forma, alguns descuidos da conduta ensejam romper com as “teias mentais defensivas” em razão da natureza de nossas ações. Nesse sentido, faz-se necessário destacar que a palavra mal conduzida tem sido uma das mais freqüentes formas de fragilizar nosso sossego interior. Através dela temos permitido uma ligação quase permanente, pela lei da associação mental, com os “campos de nutrição e defesa” alheios, criando uma espécie de “comunidade de vínculos” na qual encarceremo-nos a onerosos desgastes voluntários, quais os citados acima

- Tudo isso pela invigilância em acentuar os aspectos sombrios dos outros e do meio, passando a partilhar na intimidade daquela inferioridade que destacamos fora de nós. O homem na terra encontra-se tão habituado a denegrir o outro que não é capaz de avaliar o mal que faz a si com essa atitude, e essa necessidade humana de destacar o mal alheio encobre, quase sempre, o desejo de rebaixar o outro e causar-nos a ilusória sensação de superioridade, uma “maquinação” milenar do orgulho nos recessos da mente

- Quando vemos os defeitos alheios mas nos prestamos a tratá-las com real fraternidade e compreensão, aderindo espontaneamente ao hábito de destacar-lhes também o “lado positivo” que possuem, candidatamo-nos a ser os Samaritanos da vida no socorro às doenças alheias, imunizando-nos dos infelizes reflexos que decorrem das ações às quais, muitas vezes, adotamos contra nós mesmos, na condição de juízes e censores implacáveis da conduta do próximo

- Zelemos pelos nossos ambientes tornando-os saudáveis e agradáveis para conviver. Otimismo incondicional, vibrações positivas sempre, tolerância construtiva, cativar laços, o hábito contínuo da oração, sorrir sempre, expressar alegria e humor contagiante, querer o bem alheio, essas são algumas formas para a edificação de psicosferas ricas de saúde e paz

32 – CAPÍTULO 30 – CONCLAVE DE LÍDERES

-   Cumprindo mais uma de nossas programações no Hospital Esperança, reunimos influente grupo encarnado de pouco mais de mil formadores de opinião no movimento Espírita para uma breve e oportuna advertência

- Presentes estavam Maria Modesto Cravo, Euripedes Barsanulfo, Bezerra de Menezes e outros

- O professor Cícero Pereira foi encarregado de fazer os comentários a seguir : “ Aqui mesmo nesse nosocômio enfrentamos situações severas da parte de homens e mulheres, os quais foram agraciados com o conhecimento e o trabalho nos campos educativos da Seara Espírita e que, a despeito de suas honrosas “fichas de prestação de serviços”, encontram-se envergonhados uns e atormentados outros, porque descuidaram do erguimento dos valores eternos na sua intimidade

- Tais equívocos existem porque os modelos erigidos como referências ou padrões, quase sempre, conduzem o discípulo à acomodação e ao desculpismo que produzem o desleixo na avaliação íntima das causas de suas imperfeições

- Somente sentindo-se aceita como é nos grupos de sua participação é que a criatura encontra motivação para burilar-se nos campos do espírito. Essa não tem sido a realidade de muitos grupamentos que, lamentavelmente, em muitas ocasiões, ao invés de cumprir o desiderato de serem Casas de Consolo e Verdade encarceram-se nos desfiladeiros de templos de hipocrisia e intransigência

- Tivemos três fases bem marcantes e entrelaçadas no Movimento Humano em torno das idéias espíritas :
O fenômeno, a caridade seguida da difusão e agora, mais que nunca, a interiorização. Entramos no período da maioridade e a nossa meta é o espiritismo por dentro, o intercâmbio de vivências morais

- Na etapa da caridade, em que predominou a ocupação com o próximo, muitos corações inspiraram nos conceitos doutrinários para transferir a outras existências a continuidade de seu progresso na melhoria espiritual

- Motivemos os núcleos espiritistas a uma campanha de esforços pela implantação da noção de “escola da espírito”, erguendo trincheiras seguras e generosas para o entendimento mais consistente da ato de educar a si mesmo. Nessa “escola da alma”pensemos os valores humanos como metas possíveis e não como virtudes angelicais. Encetemos uma cultura de auto-estima e fé nas nossas potencialidades, sem receio dos tenebrosos assaltos da vaidade e do orgulho

- Mais do que  práticas e instituições é necessário preparar o seguidor da doutrina para aprender a gostar de relacionamentos. Com raríssimas exceções, o espírita, assim como a maioria dos homens encarnados, não aprendeu a gostar das pessoas com as quais convive, descobrir-lhes as virtudes, encantar-se com suas diferenças, cultivar a empatia

- Muitos agem como pudessem beneficiar-se das práticas que tanto amam sem ter que suportar o “peso” das imperfeições alheias, o que muito lhe agradaria. Ama-se muitas vezes com mais alegria o centro, suas dependências e tarefas, que aqueles que nele transitam e há companheiros com mais cuidado com seus livros espíritas que com os amigos de tarefa

- O Espírita passou a ser um conhecedor da vida espiritual e suas leis, mas continua ignorante sobre si mesmo porque adota-se “estudos sistematizados de espiritismo”mas permanece um vácuo nos estudos sistematizados de si mesmo, o autoconhecimento. Temos aqui no Hospital Esperança muitos devotos que detinham toda a história do Espiritismo na memória, conheciam bem todos os clássicos da Doutrina, contudo, não se esforçavam para estampar um sorriso aos companheiros de grupo

- O dogma como crença imposta toma feições fortes porque veio a galope no dorso das “ameaças do céu”, nascidas em concílios e tribunais recheados de interesses de facção, e vamos encontrar o terrível “Vício de Santificação”, resultante das idéias de “angelitude instantânea”, conduzindo a criatura para condutas puritanas das quais não faziam parte os seus sentimentos, uma idealização do que seja ser cristão. Fazemos tudo certinho e Deus nos recompensa com a felicidade...fazemos negócios com Deus

- Muitas ilusões e preconceitos cercam o processo da reforma íntima. Alguns deles são :
(1) A idéia de “saltos evolutivos” com mudanças abruptas
(2) A presunção de que somente o espiritismo pode propiciar a melhoria do homem
(3) A concepção de que estar na tarefa doutrinária seja automaticamente um indício de conquista virtuosa
(4) A falsa concepção de que existem “partes” de nós que não podem ser aproveitadas e precisam ser
     Eliminadas ou substituídas por algo nobre
(5)    A prisão a modelos mentais de ação como critério de validação de crescimento espiritual

- Essas criaturas que aqui foram trazidas são os mil líderes Espíritas encarnados que mais padecem de um terrível mal, o qual assola a maioria das leiras de serviço do Cristo nas expressões religiosas de todos os tempos, que é a doença da auto-suficiência espiritual ou o fascínio com a importância grandiosa que muitos corações supõem possuir nos serviços de Jesus

- Temos por aqui vastos pavilhões de médiuns, divulgadores, escritores, evangelizadores, presidentes de Centros Espíritas, todos abençoados com as luzes da Doutrina Espírita, entretanto, sem conquistarem sua luz própria. Sufocaram-se no orgulho com a cultura e a experiência doutrinária e negligenciaram o engrandecimen-
to moral de si mesmos

- São excessivamente controladores por julgarem enxergar mais. Carregam consigo uma das mais antigas mazelas humanas : o desejo de serem servidos, uma faceta emocional sutil do desejo de serem amados ou da necessidade de serem queridos e aprovados pelos outros, a qual termina por ser transferida para o costume de serem bajulados e incensados pelos que lhes rodeiam

- Esse velho monstro da alma surge sorrateiramente como um hábito doentio de ordenar e comandar pessoas, já experimentado em muitas e muitas vidas sucessivas, uma forma de satisfação do egoísmo humano

- Adoram os cargos e o poder. São criaturas que realizam muito e tem significativa visão de conjunto das necessidades do movimento social em torno das idéias espíritas, apenas pecando pelo orgulho em que se inspiram por suporem possuir todas as respostas e caminhos para todas as necessidades e percalços da Seara. Isso lhes torna úteis em certas situações e extremamente rejeitados pela arrogância em outras ocasiões, quando excedem na atitude com sua suposta sapiência e grandeza

- Não ouvem opiniões por julgarem ter as melhores , guardam convicções pessoais exarcebadas, tornam-se pouco afetivos, muito racionais e adoram mandar sem fazer, ordenar sem cumprir

- Hoje, há uma priorização com o assistencialismo e a preservação filosófica, na qual as grandes maiorias dos núcleos distanciaram-se das vivências de intercâmbio sadias e educativas nos horizontes da medinidade santificada. Faltam-lhes o “Espiritismo com Espíritos”, pois o exercício mediúnico sério tem sido escasso nas Casas Espíritas

- Não foram poucas vezes em que Bezerra de Menezes teve que contar com centros de umbanda e candomblé, nos quais encontram-se muitos corações afeiçoados ao amor, para fazer seus ditados ou operar suas curas. Lá a espontaneidade e o desejo de servir muitas vezes sobressai como qualidade indiscutível em relação a muitos centros doutrinários do espiritismo, os quais têm fechado as portas mentais para o trânsito dos bons espíritos


- Uma geração nova regressa às fileiras carnais da humanidade para arejar o panorama de todas as expressões segmentárias do orbe. O movimento espírita não ficará fora desse contexto, sendo bafejado por um processo de atualização de metodologia, comportamentos, práticas e conceitos
 33 – EPÍLOGO  - EM QUE PONTO DA EVOLUÇÃO NOS ENCONTRAMOS

- Discípulos sem conta, tomados d ilusão e personalismo, acreditam serem depositários de virtudes e grandeza, tão somente, em razão de possuírem alguns “chavões espíritas” para todas as questões que tangenciam os problemas humanos.

- Postam-se como decifradores circunstanciais de enigmas da vida alheia, entretanto nem para si mesmos possuem suficiente esclarecimento na edificação da paz interior. Não aprofundam nos dramas íntimos que carrega em si próprios, sendo constrangidos em inúmeras ocasiões a desconfortável encontro com sua “sombra”
quando então são compelidos pela dor e pela frustração, diante do labirinto de seus problemas, a pensar e repensar as suas lutas, aprofundando a sonda da razão nas causas ignoradas de suas reações e atitudes, pensamentos e emoções

- Renovação é trabalho lento e progressivo. Uns querem caminhar mais rápido do que podem, outros desacreditam que podem superar a si mesmos

- Muita acomodação e descuido têm acontecido nas fileiras educativas do espiritismo, tão somente porque os discípulos não têm se armado de suficiente humildade para reconhecerem consigo mesmos a natureza e extensão de suas imperfeições. Muitos, apesar do conhecimento, têm preferido os leitos confortáveis da ilusão acreditando-se melhores do que realmente são. Sob o fascínio do orgulho, sentem vergonha, medo de se exporem e profunda tristeza por verem-se a braços com mazelas das quais gostariam de terem superado, mas que ainda muito lhes agrada

- Há homens e mulheres espíritas com vetustos animalescos que querem ser anjos do “dia para a noite”, nos campos de sua espiritualização. Levamos milhões de anos vividos na irracionalidade até alcançarmos a hominalidade

- Desejando santificação, muitos aprendizes da Nova Revelação descuidam de pequenas lições educativas da ascensão passo a passo, vivendo uma “reforma idealizada” e não sentida

- Evitemos conceber mudança interior sob enfoque restrito de repressão. Contenção é disciplina. Aquisição de novas qualidades é educação. Disciplina é meio, educação é a grande meta.

- Estamos aprendendo a descobrir nossas “sombras”, essa é uma etapa do processo. Convém-nos, portanto, laborar pela outra etapa, não menos importante : a de aprender a fazer luz e construir a harmonia interior – eis um bom motivo para nos livrarmos do martírio